Irradiação de alimentos - verdades e mitos
sexta-feira, outubro 26, 2018
Sabia que o processamento por radiação ionizante garante a segurança e qualidade dos alimentos?
Conheça a opinião de Sandra Cabo Verde, investigadora do C2TN:
"Os alimentos
enriquecem-nos o corpo e a alma… neles assenta grande parte da nossa saúde e
bem-estar. São os nutrientes e a energia para o nosso corpo funcionar, e também
cor, aroma, palato, numa fusão de satisfação para os nossos sentidos. A nossa
alimentação tem evoluído nos últimos anos em busca do nutricionalmente
adequado, da frescura saudável, como uma nova forma de consciência da sociedade
moderna a voltar às raízes. Contudo, os alimentos podem ser veículos de doenças
e pragas quando não são devidamente processados. A eliminação ou redução dos
microrganismos nos alimentos torna-se especialmente importante para melhorar a
dieta alimentar de doentes imunodeprimidos, idosos e crianças.
A irradiação
de alimentos é um processo de tratamento com mais de 50 anos de investigação
documentada, aprovada e regulada por diversas organizações mundiais (UE, AIEA,
FAO e OMS). Esta tecnologia garante a segurança e preservação alimentar e a
fitossanidade, sendo utilizada comercialmente em cerca de 40 países para processar
mais de 40 géneros alimentícios. Na União Europeia é permitido o processamento
por irradiação de ervas aromáticas secas, especiarias e condimentos.
Este
processo baseia-se na exposição dos alimentos a uma quantidade controlada de
radiação ionizante, ou seja, não é mais do que um processo físico de
tratamento, que inactiva os microrganismos à temperatura ambiente (ou a uma
temperatura próxima), mantendo as propriedades funcionais e organolépticas dos
alimentos. A irradiação é assim uma alternativa para o processamento de
alimentos sensíveis à temperatura, como as frutas frescas e vegetais,
permitindo aumentar o seu tempo de prateleira. Além disso, a irradiação não
requer a utilização de substâncias químicas, não deixando resíduos, que têm
frequentemente um efeito nocivo para a saúde pública e ambiente. Esta
tecnologia tem igualmente a vantagem de os produtos poderem ser processados nas
embalagens finais, o que reduz a possibilidade de contaminação cruzada até este
ser utilizado pelo consumidor.
A investigação
nesta área consiste no estudo da aplicabilidade desta tecnologia aos mais
diversos produtos alimentares, como alimentos étnicos, refeições prontas,
rações para militares e vítimas de calamidades; de forma a promover a
variabilidade e disponibilidade de alimentos seguros e com qualidade para
todos. Outra área de crescente investigação é o aumento da capacidade de
extrair produtos bioactivos naturais de alimentos através do processamento por
irradiação. O objectivo é a obtenção de compostos naturais com propriedades
anticancerígenas, anti-inflamatórias, e antimicrobianas que promovam a nossa
saúde. Para quem tiver a curiosidade de aprofundar sobre este tema saiu no
início deste ano um livro da Royal Society of Chemistry que apresenta o
estado-da-arte das Tecnologias de Irradiação de Alimentos.
A irradiação
de alimentos por si só não é uma panaceia - não é adequada para todos os
alimentos, nem resolve todas as questões de segurança alimentar e fitossanitária.
Mas, no futuro, a irradiação de alimentos poderá ter um papel crucial para
garantir a segurança e qualidade dos alimentos, evitando a propagação de
espécies invasivas e facilitando a comercialização."
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